quinta-feira, setembro 08, 2005

Buani confirma "mensalinho" e diz ter sido vítima de momento de fraqueza

Parece que o empresário Buani pegou rápido a mania de alguns políticos brasileiros: já mentiu e desmentiu. Triste é vê-lo afirmando que, num momento de fraqueza, pagou R$ 40 mil ao Sr. Presidente da Câmara. Fico eu pensando em uma família brasileira, que, em dez anos de fraqueza vê tamanha quantia. Agora já me preocupo com a sucessão: Nonô, pau mandado de Antônio Magalhães, quanto tempo será que dura? Parece que o poço da república é bem mais fundo do que pensávamos. Quanto mais escavamos, mais achamos buraco, buraco. E, pro povo brasileiro, uma coisa é certa: ele ainda é mais embaixo. Resta-nos saber quão mais embaixo..

Abaixo segue o noticiado na Folha de São Paulo, na íntegra:

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O empresário Sebastião Augusto Buani confirmou nesta quinta-feira ter pagado propina para o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Em entrevista coletiva, Buani tentou se desvincular da imagem de corruptor e disse ter sido vítima de uma fraqueza. "Não sou nem de longe um corruptor, mas ninguém é perfeito. Todo mundo tem seu momento de fraqueza, seus compromissos", disse.

Buani se emocionou e precisou interromper a entrevista porque começou a chorar.

Segundo o empresário, para continuar com a concessão do restaurante Fiorella, na Câmara, Buani afirmou que pagou R$ 40 mil a Severino em 2003, época em que o presidente da Câmara era primeiro-secretário. O empresário disse que inicialmente foi pedido R$ 60 mil, mas ele conseguiu abaixar o preço da propina em reunião entre ele, Severino e o deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE).

O acerto foi registrado em um documento irregular e não constaria no regimento interno da Câmara. Buani disse que perdeu dinheiro e que em 2003 acertou um outro pagamento de R$ 10 mil por mês para Severino --o "mensalinho" -- no início de 2003. Como em fevereiro daquele ano ele pagou apenas R$ 5 mil, ele disse que Severino "generosamente disse que os cinco mil seriam diluídos nos próximos meses".

Parte do pagamento do "mensalinho", segundo ele, foi feito em cheque.

No final de 2003, ele disse ter tido um conversa com a filha e decidiu não pagar mais o "mensalinho". "A partir daquele dia, nunca mais paguei o mensalinho".

Em meados de 2004, Buani venceu a concorrência para o restaurante do 10º andar do anexo 4, mas pediu uma cotação não adequada para o serviço. Ele disse que tinha um gasto mensal de cerca de R$ 13,5 mil e que ele não conseguiu pagar.

Foi então que ele procurou a atual Mesa da Casa para negociar a dívida. "Se estivesse no gabinete do presidente [da Câmara], foi em busca disso". Como sua proposta de parcelamento não foi aprovado, ele estava tentando um empréstimo no banco quando estourou o escândalo.

ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília