Depois de ver o jornalzinho O Domingo, pelo qual a maioria dos católicos brasileiros acompanham a Missa, contrariar a Santa Sé absurdamente, pondo o último item da "Oração da Assembléia" nesse domingo passado e relatos de padres discutindo com os fiéis durante a homília, e ver claramente a CNBB apoiar o desarmamento, resolvi postar esse email de um amigo e a minha resposta, na qual elucido alguns pontos da doutrina católica sobre o desarmamento, seguem na íntegra:
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Diógenes Teófilo wrote:
Date: 15/10/2005 23:00
Adveniat Regnum Tuum! Estimados em Cristo,
É com alegria que passo a vós alguns textos da CNBB a cerca da* CD*, ou melhor, *C*ampanha do *D*esarmamento. Hoje, na santa missa, o Pe. Paulo Sérgio (Candeias) alertou-nos por mais de uma vez quanto à dita questão (que já em torno de 3 a 4 semanas, a CD foi tema de aprofundamento no Encontro com Cristo, onde). Assim, uma pulga subiu-me às orelhas, o que impulsionou-me a ver o que diziam os Bispos da Igreja, um pouco do que eles dizem vos enviei. Podeis, também, acessar o
http://www.cnbb.org.br para saber de mais detalhes.
Absolutamente, o propósito é que estajamos todos em comunhão plena com a Santa Igreja e que possamos antes do 23/10 refletir (um pouco mais) sobre a questão. É certo que vale a pena, indubitavelmente, ouvir aqueles que para nós são os Sussessores dos Apóstolos.
Afetuosamente em Cristo,
Diógenes Teófilo
Per Regnum Christi ad Gloriam Dei!Erickson Oliveira wrote:
Date: 16/10/2005 03:17
Adveniat Regnum Tuum!
Muito estimado em Cristo, Diógenes,
Levas no nome "aquele que procede de Deus". É certo que, procedendo de Deus, e sendo Jesus o próprio Deus, em comunhão com o Pai e o Espírito Santo, certamente fazes parte da Igreja. Sim, da Igreja, aquela que foi fundada por Cristo, à quase dois mil anos. A essa Igreja, Diógenes, foi confiada a tarefa de transmitir os ensinamentos. Bem sabes também que, essa Igreja tem a sua unidade representada na figura do Papa, sucessor de São Pedro, o bispo de Roma, representante de Cristo, o Deus vivo na Terra.
Sabemos também, pelo que nos foi ensinado pelo magistério da Igreja, que as Escrituras, à luz da Tradição Eclesiástica, são fontes de Verdade e Vida. Ora pois, Diógenes, que instrumento da Tradição da Igreja nos é mais recomendada que o Catecismo?
Depois de todo o pré-âmbulo sobre a Igreja, permita-me versar sobre alguns detalhes que são importantes para a compreensão do que se trata o desarmamento da população ordeira:
1. A CNBB não tem qualquer papel hierárquico dentro da Igreja
2. Bispos podem estar errados. Assim como o próprio São Pedro, que foi repreendido por São Paulo, como vemos na epístola aos Gálatas.
E quantas vezes nós vemos, não caríssimo Diógenes? Bispos socialistas, petistas assumidos, contrariando uma Verdade católica, que nos foi posta pelo sucessor de Pedro, Pio XI, na encíclica Quadragesimum Annum: "
Ninguém pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e verdadeiro socialista". E são esses bispos, Diógenes, que se afastam das Verdades da Igreja, abrindo até, as portas do templo sagrado, para que sejam incitadas revoltas, ali, diante do Santíssimo Sacramento, como anconteceu nos tempos de ditadura.
Não deve você estranhar se eu disser que são esses mesmos que versam a favor do desarmamento. É importante sim, Diógenes, saber o que os sucessores dos apóstolos nos ensinam, desde que estejam em comunhão com o que ensina a Santa Sé, afinal de contas a nossa Igreja é Católica Apostólica Romana, e não brasileira, como alguns dizem por aí.
A CNBB não tem razão de ser senão na Igreja.
Vejamos agora, do ponto de vista doutrinário, o que sempre disse a Igreja sobre a legítima defesa:
O Catecismo da Igreja Católica, diz:
“o amor a si mesmo permanece um princípio fundamental da moralidade. Portanto, é legítimo fazer respeitar seu próprio direito à vida. Quem defende sua vida não é culpável de homicídio, mesmo se for obrigado a matar o agressor (...)". [CCE, 2264]
Foi sobre o Papa que o catecismo foi concebido. A luz da verdadeira Tradição. Nos diz que é princípio fundamental da moral. O mesmo papa, que nos deu esse catecismo, João Paulo II, o Grande, nos dizia:
"
Quem mata é o homen , não a sua espada ou seus mísseis"
Se formos mais adiante, no Catecismo, encontramos:
“
legítima defesa pode ser não somente um direito, mas um dever grave, para aquele que é responsável pela vida de outros.” [CCE, 2265] ( o negrito é meu)
Quer dizer, caríssimo, que além do amor a própria vida ser lícito e não culpável de homicídio, é DEVER GRAVE defender a vida de outros que estejam sob a sua proteção(leia-se: filhos, esposa, alunos).
Isso, por si só, descarta a possibilidade de, uma arma, legalizada, ser um instrumento anti-cristão. Vemos então, que a legítima defesa não é um direito nos dado pelo Estado, mas sim por Deus e como tal, reconhecido pela sua Igreja. A luz do catecismo, interpretamos uma ordem expressa de Jesus Cristo, nosso Irmão e Senhor:
"
eis sed nunc qui habet sacculum tollat similiter et peram et qui non habet vendat tunicam suam et emat gladium” [aquele que tem uma bolsa, tome-a; aquele que tem uma mochila, tome-a igualmente; e aquele que não tiver uma espada, venda sua capa para comprar uma.]
Ainda nos diz um dos maiores doutores da Igreja, São Tomás de Aquino:
“
A ação de defender-se pode acarretar um duplo efeito: um é a conservação da própria vida, o outro é a morte do agressor (...). Só se quer o primeiro: o outro, não.” [S. Th., II-II, q 64, a.7]
Explicando e explicitando:
“
Se alguém, para se defender, usar de violência mais do que o necessário, seu ato será ilícito. Mas, se a violência for repelida com medida, será lícita.” [S. Tomás de Aquino. Op. Cit.]
É legítimo e dever grave a legítima defesa, sua e dos que de você dependem, é preferível não a morte do agressor, mas a conservação da própria vida, embora nos seja dado a não-culpabilidade de homícidio, mesmo que, no ato da defesa, seja tomada a vida do agressor.
Por si só, já basta Diógenes, mas ainda há mais o que discorrer. Reza o Código Penal brasileiro:
“Art. 25 –
Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”
Vemos, pois, que o que é impresso neste artigo do Código Penal pátrio, é conivente com o que nos é ensinado pela Igreja e pelo Doutor Angélico.
Sendo assim, podendo assegurar o uso da legítima defesa, e, sendo o amor próprio, artigo de moral [opus citatum], e sendo o Papa infalível neste aspecto, cito novamente a frase do Papa João Paulo II:
"
Quem mata é o homen , não a sua espada ou seus mísseis"
Não é o instrumento e sim o homem. Sendo a legítima defesa um dever grave e o amor a próprio vida superior ao homicídio cometido (sem que houvesse outra maneira de parar a agressão), é legítimo o uso de armas pra esse fim.
Aqueles que se dizem católicos e a favor do desarmamento são prolem sine matre creatam [ filhos criados sem mãe ], sem a
Matter Ecclesia, são filhos do mundo.
Um cristão não deve ser privado de um direito legítimo. É legítima a defesa. É legítima a compra da arma de fogo. Assim como qualquer outro artigo que possibilite o cristão de defender-se e a outrém, como foi demonstrado durante esse texto.
Não é só direito. É dever grave.
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Seu servo em Jesus Cristo, que vive e reina pelos séculos dos séculos,
Erickson Oliveira.
Per Regnum Christi ad Gloriam Dei!
Post Scriptum: Perdoe-me as redudâncias e as falhas de concordância, se houverem. É importante Não nos desviarmos da Igreja. E que se, um dia precisarmos nos defender, que encontremos meios, concretos. Que não seja o nosso direito limitado, ou sequer dificultado.
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Em tempo:
"Adveniat Regnum Tuum" e "Per Regnum Christi ad Gloriam Dei" são jaculatórias e significam, respectivamente, "Venha a nós o Vosso reino" e "Pelo reino de Cristo à glória de Deus"